Chega o outono
Chega a castanha
Dádiva dos deuses
Em capa embrulhada
De picos protegida
Por ninguém é tocada
Por todos é colhida
Chega o outono
Chega a castanha
Trabalhosa no colher
Veste camisa e casaco
Sem remendo nem buraco
Sozinha ou acompanhada
Por todos é deleitada
Chega o outono
Chega a castanha
Que na pobreza
Quando batatas não havia
Ou faltava o pão na mesa
A míngua mitigava
Para todos era certeza
Chega o outono
Chega a castanha
Consumida com agrado
Crua, cozida ou assada
Ou ao fumo pilada
Os bilhós são de quem ganha
Na tradição que acompanha
Chega o outono
Chega a castanha
Surge o dia folgazão
Casa-se castanha e vinho
Em alegre animação
Cora a gente na fogueira
Foliona e galhofeira
Chega o outono
Chega a castanha
Uma semente que surge
No interior do ouriço
Agressivo mas castiço
O fruto do castanheiro
Que é muito curandeiro
Diz o povo e com razão:
“Mais vale um castanheiro do que um saco com dinheiro”
Edite Pinheiro
Novembro, 12 / 2012