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terça-feira, 19 de novembro de 2013

TODOS OS ANOS


Todos os anos
Festejo feliz
O dia
Do meu aniversário

Todos os anos
Feita aprendiz
Sigo o guião
Do meu fadário

Todos os anos
Mais uma vez
Me vejo a saltar
As coisas chatas

Todos os anos
Jogo xadrez
Desejo criar
Novas etapas

Todos os anos
Novo voo ensaio
Abro meus braços
Mas o voo não surge

Todos os anos
Sigo os passos do aio
Deslindo meus laços
Espero o que urge

Neste aniversário
Senti a simplicidade
Da vida
Neste aniversário
Senti a felicidade
Da família unida

Neste aniversário
Não estive só
Senti-me!
Mulher, mãe e avó.

Edite Pinheiro
Novembro, 19 / 2011

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

ODE À CASTANHA

 
 Chega o outono
 Chega a castanha
 Dádiva dos deuses
 Em capa embrulhada
 De picos protegida
 Por ninguém é tocada
 Por todos é colhida
 
 Chega o outono
 Chega a castanha
 Trabalhosa no colher
 Veste camisa e casaco
 Sem remendo nem buraco
 Sozinha ou acompanhada
 Por todos é deleitada
 
 Chega o outono
 Chega a castanha
 Que na pobreza
 Quando batatas não havia
 Ou faltava o pão na mesa
 A míngua mitigava
 Para todos era certeza
 
 Chega o outono
 Chega a castanha
 Consumida com agrado
 Crua, cozida ou assada
 Ou ao fumo pilada
 Os bilhós são de quem ganha
 Na tradição que acompanha
 
 Chega o outono
 Chega a castanha
 Surge o dia folgazão
 Casa-se castanha e vinho
 Em alegre animação
 Cora a gente na fogueira
 Foliona e galhofeira
 
 Chega o outono
 Chega a castanha
 Uma semente que surge
 No interior do ouriço
 Agressivo mas castiço
 O fruto do castanheiro
 Que é muito curandeiro
 
 Diz o povo e com razão:
“Mais vale um castanheiro do que um saco com dinheiro”
 
Edite Pinheiro
Novembro, 12 / 2012

LENDA DE S. MARTINHO


Numa fria tarde de Outono
seguia Martinho a cavalo
por entre forte vendaval,
a sua rubra capa o cobria,
protegia-o do temporal.
Cavalgando montes e vales
o dever de soldado cumpria,
indiferente ao tempo invernal.

Numa curva do caminho
um trémulo mendigo sofria,
ao frio, sequioso e faminto
alguma esmola pedia.
Apelou compadecido
ao coração do soldado,
que de ternura e bondade
a compaixão comovia.

Da capa cortada ao meio,
a golpes da fiel espada,
parte ao mendigo entregou.
Com tanta generosidade,
o céu que tudo observa
deste gesto se agradou
e um milagre aconteceu,
parou de chover, o sol brilhou.

De cavaleiro romano
fiel ao dever de soldado,
ímpio na solidariedade,
rigoroso e cumpridor,
com este gesto de bondade
e de solidária compaixão,
volveu apóstolo da cristandade,
símbolo de toda a generosidade.

Edite Pinheiro
Novembro, 11 / 2011